SOBRE REFRAÇÃO E OUTROS DESVIOS

SOBRE REFRAÇÃO E OUTROS DESVIOS

 

José Fernandes de Lima[1]

 

A velocidade da luz depende do meio no qual ela se propaga. A velocidade é menor nos meios mais densos, como o vidro e a água, e é maior nos meios menos densos, como o ar e o vácuo.

A razão entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade de propagação num determinado meio material é chamada índice de refração do meio. Isso implica dizer que quanto maior a velocidade, menor é o índice de refração.

Por conta disso, quando uma luz qualquer cruza a superfície de separação de dois meios materiais distintos, a sua velocidade muda. A intensidade da mudança de direção depende também da cor da luz utilizada.

Em geral, a mudança de velocidade resulta numa mudança de direção cuja intensidade depende do ângulo de incidência.

 

Esse desvio de direção é responsável por diversos fenômenos ópticos. É ele que explica como conseguimos confinar uma luz dentro de uma fibra ótica, explica a formação de imagens pelas lentes, as miragens vistas no deserto e a dispersão das cores que resultam no arco-íris.

As fibras óticas desempenham um papel fundamental na transmissão dos sinais eletrônicos que ligam o universo das redes de informação e comunicação. 

As cores do arco-íris resultam da dispersão da luz quando a luz branca atravessa as gotas de chuva.

Um instrumento eficiente para explicar a dispersão da luz é o chamado Prisma de Newton. Esse instrumento foi usado pela primeira vez pelo físico Isaac Newton, em 1666.

O Prisma de Newton é um tipo de dispositivo óptico composto de um prisma triangular de vidro, que é utilizado para decompor a luz branca em suas cores primárias, criando um espectro de cores semelhante a um arco-íris.

Quando a luz branca, formada por uma mistura de cores, passa através do prisma, cada cor é desviada de um ângulo diferente, formando um espectro contínuo que vai do vermelho ao violeta. As cores decompostas são: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

 

A figura da dispersão da luz branca produzida pelo prisma de Newton é uma figura muito conhecida e muito apreciada pelos artistas.

 

O disco “The Dark Side of the Moon”, lançado pela banda inglesa Pink Floyd, em março de 1973, trouxe uma capa, criada pelo designer gráfico Storm Thorgerson, que representa um prisma triangular que divide a luz em um espectro de cores, refletindo o tema central de álbum sobre a natureza da existência e da percepção. 

 

O disco, produzido por Alan Parson, com letras de Roger Waters e música composta por toda a banda, apresenta um som inovador, com uso extensivo de sintetizadores, efeitos sonoros e colagens de som. O álbum é conceitual e explora temas como a vida, a morte, o tempo, o dinheiro, o medo, a loucura e a guerra. É considerado um dos álbuns mais influentes da história do rock progressivo e considerado como uma das maiores obras-primas da música moderna. Dentre as faixas mais conhecidas desse disco, destacam-se “Time”, “Money”, “Us and Them” e “The Great Gig in the Sky”. 

O álbum vendeu mais de 45 milhões de cópias e é frequentemente incluído na lista dos melhores álbuns de todos os tempos.

 

No início desse ano de 2023, a banda decidiu realizar uma comemoração dos 50 anos de lançamento do álbum e preparou um cartaz de divulgação inspirado na mesma capa, destacando o espectro contínuo de cores.

 

Por conta disso, foi vítima de cancelamento nas redes sociais. 

Internautas identificados como conservadores acusaram a banda de estar fazendo apologia do Movimento LGBTQIA+, pois o referido movimento usa uma bandeira com as cores do arco-íris.

De nada adiantou a banda explicar que quando a capa do disco foi criada o movimento LGBTQIA+ não tinha as características atuais nem usava a bandeira do arco-íris como sua marca.

A discussão desviou-se dos fatos e o cancelamento continuou.

 

Os desvios sofridos pela luz no fenômeno de refração parecem trazer resultados mais interessantes. 



[1] Físico, Professor, Presidente da Associação Sergipana de Ciência.

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