SOBRE O ESPELHO

SOBRE O ESPELHO

 

José Fernandes de Lima[1]

 

O espelho é uma superfície polida capaz de refletir a luz, de forma ordenada. É aquele instrumento que nós utilizamos quando queremos ver o nosso rosto, quando queremos nos enfeitar e quando queremos ver alguma parte menos visível do nosso corpo. Nos automóveis, o espelho é utilizado para enxergarmos os carros que vêm depois de nós.

São muitas as utilidades do espelho. Se você estiver perdido num deserto, o espelho pode ser um instrumento de grande valia para que você forneça a sua localização. Você pode utilizá-lo para refletir a luz do Sol e chamar a atenção das pessoas.  

O espelho é muito usado para decoração de ambientes. Os decoradores usam espelhos para modificar a luminosidade, para dar uma ideia de que o espaço é mais amplo e para outros truques.  

Antes de esgotar a lista de utilidades do espelho, cabe lembrar que ele é um instrumento muito antigo. Consta que no antigo Egito já havia espelho. Tivemos espelhos feitos de bronze, de prata e até de ouro. 

O problema daqueles espelhos antigos é que eram muito caros e, além disso, perdiam o polimento com facilidade.

No século XVI, apareceu o espelho feito com uma camada de mercúrio depositada sobre uma superfície de vidro. Ainda assim, continuava muito caro.

Quem conseguiu baratear a fabricação do espelho foi o químico alemão Justus von Liebig, em 1835. (A melhoria do espelho é uma ínfima parte do trabalho de Justus Liebig. Recomendo que o leitor leia sobre a vida desse grande cientista). O processo desenvolvido por Liebig consiste em depositar uma camada de prata sobre uma superfície de vidro.

Com a popularização desse processo e com a diminuição dos preços, o uso do espelho aumentou significativamente.

O formato da superfície polida faz com que a imagem mostrada seja alterada. Uma coisa é você se olhar num espelho plano, outra coisa é usar um espelho curvo.

Algumas lojas colocam nos provadores espelhos que emagrecem. Nos museus de ciência é possível encontrar espelhos que engordam, que crescem a sua figura, que diminuem.

O ser humano parece ser fascinado pelo espelho. Há muitas histórias que tratam deste fascínio, desde a história dos índios que eram enganados com espelhos até as histórias antigas do Narciso. Na verdade, antes mesmo de fabricar os primeiros espelhos, o homem já se encantava com o seu reflexo na água.

Muitos animais não conseguem perceber suas imagens no espelho. Eles ficam diante do espelho e não dão nenhuma bola para imagem refletida. Outros tentam descobrir o que está por detrás do espelho. O peixe “beta”, quando colocado diante de um espelho, confunde sua imagem com um competidor e parte para briga.

Os humanos, por sua vez, não resistem a um espelho. Se você colocar um espelho numa determinada passagem, por onde circulam muitas pessoas, você vai ver que muitas irão parar para conferir as suas imagens.

Tudo se passa como se elas duvidassem da sua aparência. Será que eu continuo o mesmo, a mesma?

Por questões de simetria, o espelho troca a parte esquerda da nossa imagem pela direita, mas não troca a parte de cima pela de baixo. 

Há quem diga que o espelho é falso.

Ele mostra para você uma imagem melhor do que a verdadeira. Ele age bondosamente e esconde que o individuo está envelhecendo. A imagem mostrada pode parecer mais jovem e mais bonita do que a verdadeira.

Uma vez, o espelho resolveu ser sincero e quase causou um grande incidente. 

No conto de fada recolhido pelos Irmãos Grimm, intitulado Branca de Neve, a rainha perguntou ao espelho se havia alguém mais bonita do que ela. Ele decidiu ser sincero, disse que sim e a rainha ficou uma fera e quis matar a Branca de Neve.

Talvez seja por isso que ele prefere ser falso. 

Muitas coisas podem ser ditas sobre o espelho. 

No livro “Alice através do espelho” a menina vive uma aventura depois de atravessar para o outro lado do espelho. 

No filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, há um espelho que ao invés de mostrar a imagem do indivíduo, mostra os seus desejos mais profundos.   

Diante de tantas informações, é possível que o leitor tenha adquirido uma boa impressão sobre o espelho. 

Se, no entanto, você continua com alguma má vontade em relação ao espelho, sugiro que trate de relaxar. 

Dizem que quebrar espelho dá azar. 



[1] Físico e Professor

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