SOBRE LIVROS

SOBRE LIVROS

 

José Fernandes de Lima[1]

 

O dia internacional do livro é comemorado no dia 23 de abril. Essa data foi escolhida pela UNESCO porque coincide com o dia da morte do escritor e dramaturgo Willian Shakespeare. Consta que ele nasceu em 23 de abril de 1564 e morreu em 23 de abril de 1616.  Há uma coincidência com a morte de Miguel de Cervantes. Há quem afirme que ele morreu no dia 22 de abril e a sua morte só foi registrada no dia 23. 

Ao lado do interesse suscitado pela coincidência das datas, cabe registrar a importância de se comemorar esse dia. 

No Brasil, nós também comemoramos o Dia Nacional do Livro, em 29 de outubro. Esse dia foi escolhido para comemorar a fundação da Biblioteca Nacional do Brasil, que ocorreu em 29 de outubro de 1810. Esse fato é uma consequência direta da chegada da Família Real ao Brasil, em 1808. Há outras datas comemorativas que se referem ao livro infantil e ao livro didático, comemoradas de forma menos efusiva.

Quando a gente fala de livro, fala também de leitura e de transmissão de conhecimento.

O livro é um instrumento muito antigo e costumava ser guardado com muito zelo. Basta lembrar as imagens que nos surge quando pensamos nos mosteiros onde havia a figura do copista, que ficava meses e anos reproduzindo determinados livros. Alguns eram guardados em segredo porque eram considerados perigosos.

Um exemplo excelente do ambiente dos mosteiros e dos segredos que giravam em torno de determinados livros foi mostrado por Humberto Eco, no livro – O Nome da Rosa. Esse livro foi um best seller e o filme baseado no mesmo, estrelado pelo ator escocês Sean Connery, também fez muito sucesso.  A história parece uma trama policial, mas, no fundo, é a história de um livro.

O livro do jeito que nós conhecemos data do século XV, ou seja, veio depois da invenção da imprensa de tipos móveis criada por Gutemberg. A invenção da imprensa facilitou enormemente a reprodução dos livros e permitiu que eles se espalhassem pelo mundo.

Se você procurar no dicionário o significado da palavra livro vai encontrar que é uma coleção de folhas de papel. Vai encontrar que do ponto de vista documental o livro tem que ter mais de 50 folhas. Vai também encontrar que hoje já existem os livros digitais e os audiolivros. O livro exerce uma importância muito grande na vida das pessoas e da sociedade.

No discurso que pronunciou quando recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, Mário Vargas Llosa falou dos seus primeiros contatos com os livros e fez um verdadeiro elogio ao poder da ficção para transformação da vida das pessoas. O escritor Monteiro Lobato disse certa vez que um país se constrói com homens e livros.

No Brasil, ainda temos algumas dificuldades para tratar os livros com o devido respeito porque há autoridades que entendem que somente os ricos são, ou deveriam ser, leitores e usam essa desculpa incorreta para defender o aumento de impostos sobre livros. São pessoas que, ao serem perguntadas sobre o último livro que leram, respondem que leram um livro de determinado gênero, mas não conseguem lembrar de nenhum nome. Seria muito bom se nós conseguíssemos fazer chegar a essas pessoas as palavras de Vargas Llosa e de Monteiro Lobato. 

Para nossa sorte, parece que há salvação. Numa pesquisa feita com adolescentes na qual se perguntava o que o livro significava para eles, todos deram respostas elogiosas do tipo: o livro é uma porta aberta para a aventura; o livro é um objeto que nos traz sabedoria; o livro é importante e pode ser seu melhor amigo; o libro ajuda as pessoas quando elas estão tristes; o livro é um mar de mistérios.  

Esses resultados indicam que os adolescentes estão mais interessados em leitura do que pensam determinados adultos.

Otimista com essas possibilidades, eu encerro este artigo dividindo com os leitores as perguntas que costumo fazer para os meus alunos. Ao invés de perguntar qual o livro que está lendo ou qual o último livro que leu, pergunto se eles lembram qual foi o primeiro livro que eles leram, e qual o livro de que mais gostaram. 

As respostas são sempre interessantes.

 



[1] Professor Emérito da UFS, Presidente da Associação Sergipana de Ciência e membro da Academia Sergipana de Educação. 

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