Os desafios do ensino médio

O ensino médio é tido pelos especialistas como a etapa educacional que apresenta uma grande complexidade. Como etapa intermediária entre o ensino fundamental e o ensino superior, o ensino médio padece de uma indefinição e termina não sendo capaz de atender a todas as expectativas criadas em torno das suas atribuições. A diversidade dos alunos que procuram o ensino médio é crescente e as escolas terminam nao sabendo o que fazer para atendê-los.
Diferentemente do ensino fundamenta que tem uma agenda mais simples e do ensino superior que recebe alunos que já sabem bem o que  querem, o ensino médio tem múltiplos papeis. Espera-se que o aluno sai do ensino médio preparado para o trabalho, para dar continuidade aos estudos e para o exercício da cidadania. Tudo isso como se fosse uma coisa muito fácil de fazer.
Espera-se que o ensino médio dê aos alunos uma cultura mínima nas ciências e nas humanidades e fala-se que o ensino médio tem que completar a formação básica e formar para a cidadania embora não seja dito com clareza o que isso realmente significa.
Diante de tantas tarefas, as escolas ficam na dúvida sobre o que fazer e acabam não fazendo nenhuma coisa nem outra. É aí que começam a surgir as falsas dicotomias.  A principal delas, que tem ocupado a maior parte do tempo dos educadores, trata do confronto entre a preparação para o trabalho e a preparação para universidade. Esse confronto que é fruto de um contexto histórico perde a razão de ser quando lembramos que existe um confronto maior entre as escolas que ensinam e as que não servem para nada.
Diante da perspectiva da oferta de uma escola de qualidade social para todos, temos que concentrar nossa atenção no fato de que as nossas escolas apresentam, regra geral, um desempenho inferior ao esperado, com a conseqüente desmotivação dos alunos que em grande parte gostariam de estar fazendo outras coisas ao invés de estarem freqüentando as aulas que eles entendem ter pouco relacionamento com seus projetos de vida.
Os desafios que afetam constantemente o ensino médio podem ser classificados em três grandes categorias: os que dizem respeito ao conhecimento dos sujeitos aos quais se destinam as atividades dessa etapa educacional, os referentes à ampliação acelerada da produção de conhecimentos e da ampliação das tarefas das escolas e  os que tratam necessidade de universalização do acesso.
Se, por um lado, a discussão sobre as características da população alvo do ensino médio e a aceleração da produção de conhecimentos é uma discussão que ocorre em tosos os países, por outro lado, a necessidade de universalização do acesso é uma questão bem brasileira e que tem motivos históricos.
A preocupação com a ampliação do atendimento tem tomado a maior parte do tempo dos sistemas educacionais e talvez por isso ainda não tenhamos tratado da melhoria da qualidade no sentido da oferte de uma educaçao que valorize os interesses dos alunos e seja mais relacionada com seus projetos de vida.
Está na hora de investirmos nessa direção porque uma nova ampliação do acesso só será possível se for acompanhada da melhoria da qualidade.

Comentários

  1. É importante enfatizar que a discussão sobre o Ensino Médio foi ampliada pelo Conselho Nacional de Educação-CNE, permitindo a participação dos Conselhos Estaduais de Educação, Instituições de Educação Básica e de Ensino Superior Públicas e Privadas, Secretarias de Educação, Sindicatos, Movimentos Sociais etc, a exemplo da Audiência Pública realizada na sede do CNE, em Brasília, no dia 04/10/2010, com a contribuição do Ministério da Educação.
    Participamos da Audiência e registramos a forma democrática na condução dos trabalhos, que foram coordenados pelo Professor Lima (Conselheiro do CNE) e pelo Professor Carlos Artexes ( MEC).
    A expectativa é grande em torno das novas Diretrizes para o Ensino Médio, mas confiamos que o Parecer e a Resolução do CNE atenderão aos anseios dos nossos estudantes e professores.

    Ana Lúcia Muricy

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