SOBRE OS RÓTULOS DOS ALIMENTOS

SOBRE OS RÓTULOS DOS ALIMENTOS

 

José Fernandes de Lima[1]

 

A atenção que as pessoas dedicam à leitura dos rótulos dos alimentos traz informações sobre o nosso modelo de sociedade, pois reflete os cuidados que temos com a saúde, com o meio ambiente e com as nossas finanças. 

É através do rótulo que a empresa produtora de alimentos comunica aos seus consumidores as informações exigidas pela legislação e busca angariar a confiança deles para a sua marca. O rótulo tem a função de informar o consumidor acerca daquilo que ele está consumindo.

Chamamos de rotulagem tudo aquilo que se refere ao rótulo do produto. A rotulagem é definida como toda inscrição, legenda, imagem ou matéria gráfica, impressa, estampada, gravada em relevo, litografada ou colada sobre a embalagem do alimento.

No Brasil, a regulamentação da rotulagem é feita desde o Decreto Lei 986, de 21 de outubro de 1969, no qual o rótulo foi definido como qualquer identificação impressa ou litografada, bem como dizeres pintados ou gravados a fogo, por pressão aplicados sobre o recipiente, vasilha envoltório, cartuxo ou qualquer outro tipo de embalagem. 

As informações obrigatórias que devem estar presentes no rótulo são: Lista de ingredientes, alergênicos, lactose, glúten, identificação de origem, prazo de validade, denominação de venda, conteúdo(peso) líquido, identificação do lote, modo de preparo, recomendações de conservação e tabela nutricional.

Para cumprir os seus propósitos, o rótulo deve trazer informações completas e verdadeiras sobre a composição do alimento. Os rótulos não podem apresentar informações falsas e não podem afirmar que existem propriedades estimulantes ou terapêuticas para a saúde. O prazo de validade é uma informação muito valiosa. 

O prazo de conservação do alimento depende essencialmente da forma de preparação, da embalagem utilizada e da temperatura de armazenamento.

Nas temperaturas inferiores a 4º C, os alimentos preparados podem ser armazenados por até 3 dias. Todos os tipos de alimentos podem ser armazenados por até 10 dias, se colocados em temperaturas de 0 a -5º C.  Abaixo de -18º C, todos alimentos podem ser armazenados por até 90 dias

A composição nutricional dos alimentos é determinada mediante o uso de métodos laboratoriais. Cada nutriente é expresso em relação a determinada porção do alimento. Por exemplo: cada porção de 100 g contém 7,8 de açúcar.

O valor calórico dos alimentos também deve constar nos rótulos.

Alguns ingredientes químicos são particularmente monitorados porque são considerados prejudiciais à saúde. É o caso do glúten, da lactose, do sódio e do açúcar. 

O sódio é monitorado porque contribui para o aumento da pressão arterial. Os alimentos processados que contêm mais sódio são: macarrão instantâneo, salsichas, bacon, pão francês, shoyo. 

O açúcar é outro ingrediente muito vigiado. O consumo excessivo do açúcar prejudica a saúde, contribui para o excesso de peso e para aquisição de doenças crônicas como o diabetes. 

A sociedade tem buscado a redução de açúcar nos produtos industrializados. A Organização Mundial de Saúde sugere um consumo de açúcar inferior a 50g por dia.

Estima-se que um brasileiro médio consome 80g por dia. 36% desse açúcar vem de alimentos industrializados.

Através do Plano de Redução de Açúcares em Alimentos Industrializados, apresentado pelo Ministério da Saúde, o Governo brasileiro firmou um compromisso de diminuir a taxa de açúcar nos alimentos, notadamente nas bebidas adoçadas, nos biscoitos e nos achocolatados. 

Para aqueles leitores que não têm paciência para consultar os limites estabelecidos no pacto do MS, sugerimos que, pelo menos, leiam o rótulo dos refrigerantes e verifiquem que a quantidade de açúcar é assustadora.

 

Nos últimos dias, surgiu um motivo a mais para que prestemos atenção aos rótulos dos alimentos. 

É preciso ficar atento para verificar que algumas empresas estão usando de expedientes pouco recomendáveis. As lojas estão vendendo pelo mesmo preço embalagens que contêm quantidades menores do produto. O preço é mantido, mas a quantidade é diminuída. 

Esse expediente, embora não seja proibido, serve para mascarar a inflação, ou seja, para enganar o consumidor menos atento. O consumidor acostumado com aquele preço, muitas vezes não percebe que a quantidade foi diminuída. 

Até a venda de ovos já foi afetada. O leitor já deve ter percebido que os ovos que antes eram vendidos em embalagens de uma dúzia agora vêm em embalagens de apenas dez unidades. 

A retirada de duas unidades parece pouco, mas corresponde a uma diminuição de 16,7%.

 

Olho no lance!!!



[1] Físico e Professor

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