Poesia de Wislawa Szymborska

Elogio dos sonhos

Nos sonhos
Eu pinto como Vermeer van delft
Falo grego fluente
E nao só com os vivos.
Dirijo um carro
Que me obedece.
Tenho talento,
Escrevo grandes poemas.
Escuto vozes
Não menos que os mais veneráveis santos.
Vocês se espantariam
Com minha performance ao piano.
Flutuo no ar como se deve
Isto é sozinha.
Ao cair do telhado
Desço de manso na relva
Respiro sem problema
Debaixo d'agua.
Não reclamo:
Consegui descobrir a Atlântida.
Fico feliz de sempre poder acordar
Pouco antes de morrer.
Assim que começa a guerra
Me viro do melhor lado.
Sou,mas não tenho que ser
Filha da minha época.
Faz alguns anos
Vi dois sóis.
E anteontem um pinguim
Com toda a clareza.


Retirado do livro Wislawa Szymborska (poemas)
Companhia das Letras

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