Chegamos aos sete bilhões

Veja mais esse artigo que publiquei no Jornal O DIA de Sergipe.

CHEGAMOS AOS SETE BILHÕES

José Fernandes de Lima[1]

Nós podemos não perceber, no nosso dia a dia, mas a população do mundo continua crescendo de forma acelerada. A expectativa de vida está crescendo em função da assistência médica, dos novos medicamentos e do comportamento das pessoas, mas, sobretudo, porque o número de crianças que nascem todo dia continua aumentando apesar do controle de natalidade praticado por muitas famílias.

O debate sobre a conveniência das famílias terem mais ou menos filhos é uma discussão profunda que transcende os limites da discussão que podemos fazer no espaço de um artigo como esse que visa apenas chamar a atenção para um fato pontual que, no meu entender, não deve ser ignorado. Trata-se do nascimento do sétimo bilionésimo habitante da Terra.

No final desse mês de outubro, a Terra estará recebendo o seu sétimo bilionésimo habitante. O evento será marcado porque os demógrafos do Population Reference Bureau escolheram o nascimento de um menino que deverá ocorrer no final do mês, em Uttar Predash, na Índia para representar esse marco.

É bom chamar a atenção que o contador colocado no site do Population Reference Bureau mostra um número que cresce continuamente e que já ultrapassou os sete bilhões.

A escolha de uma criança que nascerá na Índia deve-se ao fato de ser, atualmente, aquele país o que mais contribui para o crescimento da população mundial. A Índia registra, anualmente, o nascimento de mais de 27 milhões de pessoas e, ao que tudo indica, será o país mais populoso do mundo, ultrapassando a China a partir de 2018.

Esses dados acima sugerem uma reflexão sobre a capacidade do nosso planeta de suportar esse aumento populacional. Cada novo habitante que chega implica em mais recursos que devem ser consumidos, em nova organização das comunidades.

As primeiras perguntas que devemos fazer são: Até que ponto teremos alimentos para sustentar toda essa população? É possível aumentar a produção de alimentos na mesma proporção do aumento da população?

Perguntas semelhantes foram feitas no final do século XVIII pelo cientista britânico Tomas Malthus. Ele verificou que enquanto a população crescia numa progressão geométrica, a produção de alimentos crescia numa progressão aritmética e concluiu que aquela situação levaria a falta geral de alimentos. (Na década de 1960, quando eu estudava no curso técnico agrícola, esse assunto era tratado com frequência).

As previsões de Malthus foram desmentidas porque o avanço das tecnologias para produção de alimentos ampliou de tal forma a produção que permitiu a alimentação da população apesar do crescimento acelerado da população.

Um dado que chama a atenção é o fato do crescimento populacional está se dando de uma forma cada vez mais acelerado.  A pergunta que se faz hoje é se é possível continuar expandindo a produção de alimentos na mesma velocidade conseguida até agora.

Em 2003, a Universidade Federal de Sergipe publicou um livro de minha autoria com o título de “Polo de Novas Tecnologias: um caminho para o desenvolvimento tecnológico de Sergipe”, no qual, ao discutir o tema “crescimento e desigualdade”, eu fazia referência a um bebê nascido na cidade de Sarajevo, em outubro de 1999 que havia sido escolhido para representar o sexto bilionésimo habitante da Terra.

Cito essa passagem para mostrar que, em apenas 12 anos, aumentamos em 1 bilhão o número de habitantes do nosso planeta.

Se considerarmos que o número de habitantes atual é mais do que o dobro do que tínhamos em 1961 (3 bilhões), cabe uma preocupação com o futuro da nossa mãe Terra e cabe perguntar: temos condições de continuar crescendo nessa velocidade?

A compatibilidade entre o crescimento da população e a geração de alimentos só foi possível por causa do avanço da tecnologia, mas parece muito arriscado apostar que a tecnologia vai continuar respondendo na mesma velocidade que respondeu até agora. Pode ser que apareçam alguns obstáculos que inviabilizem o crescimento da produção de alimentos na proporção esperada e, se isso não acontecer, teremos fome em muitas regiões do planeta.

Não é fácil estancar esse crescimento populacional que ocorre majoritariamente nos países menos desenvolvidos, mas é necessário fazer uma grande discussão sobre o tema, tendo em vista que esses países necessitam continuar crescendo e que ainda necessitamos incluir milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza.



[1] Físico e Educador

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