SOBRE TERRAS RARAS
SOBRE TERRAS RARAS
José Fernandes de Lima[1]
As terras raras são elementos químicos encontrados em determinados minerais, que apresentam propriedades especiais usadas em muitas aplicações tecnológicas a exemplo de lâmpadas de LED, lasers, super imãs, motores elétricos, separação de componentes de petróleo.
Embora o mercado de terras raras seja pequeno, ele é muito importante porque alimenta tecnologias de ponta, que impactam no desenvolvimento econômico dos países. Como exemplo, temos os ímãs de terras raras, indispensáveis para o funcionamento dos carros elétricos.
O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do globo.
Esse potencial não tem sido devidamente explorado por causa dos custos de extração e separação desses elementos. O Brasil tem as minas e tem um mercado de consumo, mas não domina as etapas intermediárias de produção. No presente momento, não há ninguém no Brasil que faça a extração de concentrado de terras raras separado de outros elementos. As terras raras que consumimos são provenientes da China.
Apesar de sua abundância relativamente elevada, os minerais de terras raras são difíceis de extrair e separar. Isso ocorre porque eles sempre aparecem misturados com outros elementos e são de difícil separação. É difícil encontrar esses elementos em alta concentração e, por isso, a sua extração é dispendiosa.
Algumas vezes, eles aparecem misturados a elementos radioativos e isso causa problemas ambientais e de saúde dos trabalhadores. Na maioria das vezes, o processo de separação gera resíduos tóxicos que poluem o ar e a água.
Terras raras ou metais de terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos, dos quais 15 pertencem ao grupo dos elementos conhecidos como lantanídeos.
Os Lantanídeos são os elementos com números atômicos entre z=57 (lantânio) e z=71 (lutécio). O escândio e o ítrio ocorrem nos mesmos minérios e apresentam propriedades semelhantes às dos lantanídeos e, por isso, são também classificados como terras raras.
Desse modo, os elementos químicos identificados como terras raras são: escândio ( Sc) , ítrio ( Y), lantânio ( La), cério (Ce), praseodímio (Pr) , neodímio (Nd), promécio (Pm), samário (Sm) , európio (Eu), gadolínio (Gd), térbio (Tb), disprósio (Dy), holmio (Ho), érbio (Er), túlio (Tm), itérbio (Yb), lutércio (Lu).
Como já foi dito, as propriedades químicas e físicas das terras raras são utilizadas em uma grande variedade de aplicações tecnológicas e estão incorporadas em supercondutores, magnetos e catalizadores.
O neodímio, por exemplo, é usado em alto-falantes. Por ser um material altamente magnético, é também utilizado na fabricação de HDs para computadores, com elevada velocidade de transferência de dados.
Já o lantânio é muito utilizado na produção de lentes de câmeras e telescópios. É também usado no processo de craqueamento de petróleo.
O cério, retirado da monazita, é usado em ligas de alumínio e em conversores catalíticos que reduzem a emissão de gases tóxicos dos motores de combustão.
O Gadolínio é utilizado na fabricação de aparelhos de exames de raios X e ressonância magnética.
O Praseodímio é adicionado ao magnésio para formar ligas metálicas de alta resistência usadas em motores de aviões e aeronaves.
O Samário é utilizado na produção de lâmpadas de eletrodos de carbono utilizadas na iluminação de cenários e projetores de filmes. E também está presente nas ligas usadas na produção de fones de ouvidos.
O escândio, por sua vez, é utilizado na indústria aeronáutica e aeroespacial.
Nos últimos anos, o mercado de terras raras tem crescido constantemente e o aumento dos preços torna viável a exploração desses elementos.
Esses resultados indicam que o Brasil deveria investir para dominar todas as etapas da produção de terras raras, desde a extração, o beneficiamento e a utilização, seja na fabricação de super ímãs, seja na fabricação de motores elétricos.
A proposta de tal investimento está definida desde 2016, no documento Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016-2022, produzido pelo MCTI. Tal documento coloca a exploração de minerais estratégicos como uma atividade necessária para o desenvolvimento econômico do país.
Antes que o entusiasmo contamine nossos pensamentos, é importante lembrar, mais uma vez, que a mineração pode trazer danos ao meio ambiente.
Ao falar de outros minérios, o poeta Carlos Drummond de Andrade já demonstrara essa preocupação no poema “Lira Itabirana”, que finaliza perguntando:
“Quantas toneladas exportamos/
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos/
Sem berro? “
Por isso, o incentivo ao uso das terras raras não dispensa os cuidados necessários com o meio ambiente e com as pessoas.
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