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EPIGENÉTICA

EPIGENÉTICA José Fernandes de Lima [1] Nós aprendemos que tudo está devidamente escrito nos nossos genes e que a posição das “letras” do DNA determina as nossas características. As moléculas do DNA das nossas células contêm as instruções para criar um corpo humano. Todas as peças-chave para o metabolismo celular e para dirigir as funções do organismo estão codificadas numa cadeia de nucleotídeos com quatro elementos: adenina, citosina, guanina e timina. Mas o que nem sempre foi dito é que há outros fatores envolvidos. A cadeia de DNA não é exatamente igual em todas as pessoas, apesentando pequenas alterações denominadas  mutações  que conferem variabilidade, ou seja, permitem que todos os membros de uma mesma espécie sejam únicos. Porém, as mutações não são as únicas alterações do DNA. Para se adaptar a um ambiente em mudança, é necessário um nível superior de organização que permita regular como e quando determinados genes devem ser lidos e traduzidos. Esta regulação é possív...

SOBRE A DESINVENÇÃO

SOBRE A DESINVENÇÃO José Fernandes de Lima [1] O verbo desinventar pode ter várias interpretações, dependendo do contexto. Essencialmente, pode significar o processo de reverter uma invenção ou desfazer algo que foi criado. Essa ideia pode se aplicar tanto a conceitos físicos quanto a ideias ou sistemas. Se imaginarmos a desinvenção de certos dispositivos tecnológicos, isso pode envolver a remoção desses dispositivos do uso diário e o retorno a formas mais simples. Em um sentido mais abstrato, desinventar uma ideia pode significar desconstruir conceitos ou teorias que foram estabelecidas, talvez para repensar ou substituir por algo novo ou ainda retornar às visões do passado. A desinvenção de certos sistemas sociais ou econômicos poderia envolver uma reavaliação e reestruturação fundamental dessas estruturas, com o objetivo de criar alternativas mais justas ou eficientes. A desinvenção guarda relação com a inovação, com a visão de progresso, com a necessidade de recuar, com a mudança d...

A FALTA QUE A ELETRICIDADE FAZ

A FALTA QUE A ELETRICIDADE FAZ José Fernandes de Lima [1] O apagão ocorrido em São Paulo no último mês deixou milhares de residências sem energia e forneceu uma pista dobre o quanto a nossa vida diária depende da disponibilidade de energia elétrica. As pessoas relataram prejuízos com a perda de alimentos que estavam sendo conservados em geladeiras, dificuldades para trafegar, em razão da falha dos sinais de trânsito, não funcionamento de elevadores, e atendimento deficitário em clínicas e hospitais. Os transtornos exaustivamente divulgados pela imprensa nos convidam a refletir sobre a importância da energia elétrica na sociedade atual. A energia elétrica é aceita hoje de forma tão trivial e está tão entrelaçada ao nosso modo de vida que raramente pensamos sobre sua origem combustível, tampouco nos preocupamos com sua conservação. Ela sustenta a infraestrutura das sociedades modernas, impactando diretamente a economia, a saúde, a educação e a qualidade de vida. É difícil imaginar um asp...

O QUE PODEMOS APRENDER NA COZINHA

O QUE PODEMOS APRENDER NA COZINHA José Fernandes de Lima [1] A cozinha é um ambiente rico em oportunidades de aprendizado sobre uma variedade de assuntos. Desde questões científicas até históricas, passando por práticas de matemática e desenvolvimento de habilidades sociais, a cozinha é um verdadeiro laboratório do conhecimento. Na cozinha é possível aprender a cortar, picar, refogar, assar e grelhar alimentos. É possível aprender a usar facas, panelas, frigideiras e outros utensílios de forma eficiente. Na cozinha podemos aprender como os alimentos mudam de estado (sólido, líquido e gasoso) durante o cozimento. É uma oportunidade para se apender a calcular as proporções, os pesos e as medidas. Aprender a conhecer os diferentes grupos de alimentos e combiná-los para uma dieta equilibrada. Escolher ingredientes saudáveis e preparar refeições nutritivas. É um lugar onde se pode desenvolver a criatividade mediante a experimentação de sabores, texturas e apresentações de pratos. Pode també...

O COZINHEIRO ARTIFICIAL

O COZINHEIRO ARTIFICIAL  José Fernandes de Lima [1] Acordar com o aroma de um café da manhã é uma sensação agradável. Imagine um sistema de cozimento totalmente automatizado que pode mexer ovos, criar pizzas e até misturar coquetéis - tudo sem intervenção humana, capaz de preparar o seu café da manhã antes de você acordar. Esse parece ser um desejo de muitas pessoas que apostam na tecnologia como auxiliar para resolver as tarefas do dia a dia.   Se o leitor está pensando que estamos falando de um projeto de longo prazo, saiba que não estamos falando de conceitos futuristas, mas sim de tecnologias reais que estão sendo desenvolvidas e implementadas agora.  As empresas de tecnologia estão atentas a esses desejos e já estão preparando equipamentos capazes de suprir tais necessidades.  Os robôs já são capazes de controlar sabores, cheiros, quantidade de temperos e o tempo de cozimento. Não demorará muito para que eles sejam colocados em paridade com os grandes chefs...

VALE MAIS DO QUE OURO

VALE MAIS DO QUE OURO José Fernandes de Lima [1] O canal de streaming denominado CazéTV  foi criado pelo influenciador e jornalista Casimiro Miguel, em parceria com a empresa Live Mode, durante a Copa do Mundo de 2022. Desde então, o canal tem se destacado na transmissão de diversos eventos esportivos ao vivo, como o Campeonato Carioca, a Eurocopa e os Jogos Olímpicos de Paris 2024. O canal está disponível no YouTube, no Twitch, e no Prime Video e oferece acesso gratuito. Durante a transmissão dos Jogos Olímpicos, a CazéTV ampliou significativamente a sua audiência e consolidou-se como uma excelente alternativa para os internautas que desejavam acompanhar aqueles eventos esportivos. Em consonância com o seu jeito descontraído de ser, a CazéTV adotou o slogan “Olimpíadas na CazéTV: vale mais do que ouro”, uma referência à medalha mais disputada.  Embora a intenção do slogan fosse a valorização da emissora, ele acabou chamando a nossa atenção para o valor financeiro e simbó...

SOBRE A ARDÊNCIA DAS PIMENTAS

SOBRE A ARDÊNCIA DAS PIMENTAS José Fernandes de Lima [1] A língua humana possui receptores capazes de detectar as propriedades do doce, azedo, amargo, salgado e umami. Se uma substância com a forma certa se acopla com um receptor de doce, por exemplo, um sinal é enviado ao cérebro e a comida é percebida como doce. Algo semelhante acontece com os sensores de aromas localizados no nariz, com a diferença de que os sensores de aroma são capazes de distinguir milhares de fragrâncias.  A comida em nossa boca é sentida pela língua e pelo nariz simultaneamente. Essa combinação de cheiro e gosto é que dá a cada comida o que chamamos sabor. Da mesma forma que ocorre com o gosto, a nossa boca também precisa monitorar a temperatura dos alimentos para que não consumamos comidas quentes demais ou frias demais. Algumas substâncias químicas são coincidentemente moldadas de tal maneira que elas disparam os sensores de calor e dizem ao nosso cérebro que a área está quente ou fria ainda que a tempera...