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SOLIDIFICAÇÃO E ESFARELAMENTO DO TEMPO

SOLIDIFICAÇÃO E ESFARELAMENTO DO TEMPO José Fernandes de Lima [1] O tempo é, provavelmente, um dos mais antigos enigmas da humanidade.   Os seres humanos percebem a passagem do tempo. Essa percepção nos ajuda a ligar os eventos entre si, pô-los em sequência e entender as suas relações causais. Funciona como um instrumento essencial para a sobrevivência, pois permite-nos evitar perigos e aproveitar oportunidades. A diferença entre o que sentimos a respeito do tempo e os sentidos tradicionais da visão e audição é que não temos um órgão especializado para determinar o sentido do tempo. A passagem do tempo parece ser percebida simultaneamente em diversas partes do nosso corpo. Os neurocientistas têm destinado esforços para compreensão dos processos que nos permitem sentir o tempo. Durante milhares de gerações, os nossos antepassados organizaram as suas atividades seguindo o ciclo natural de sucessão dia e noite e da alternância das estações. O Sol, a Lua e os planetas constit...

EDUCAÇÃO BÁSICA E SUSTENTABILIDADE

EDUCAÇÃO BÁSICA E SUSTENTABILIDADE José Fernandes de Lima [1] O direito à educação é fundamental para a concretização de outros direitos sociais. Isso significa dizer que a educação é tanto um objetivo em si mesma como um meio para o atingimento de outros objetivos.  Diante dessa constatação, resultamos convencidos de que os currículos da educação básica necessitam deixar claro o tipo de mundo que queremos e os objetivos que desejamos atingir. Os currículos não podem parar nas habilidades e competências sem dizer para que tipo de sociedade queremos utilizar essas habilidades. A construção do currículo deve ser vinculada ao estabelecimento de utopias e à sinalização de objetivos de longo prazo. É necessário pensar utopias sofisticadas, capazes de revolucionar nosso modo de ser, mas enquanto elas não se consolidam, podemos focar nossos objetivos na sustentabilidade do planeta, a exemplo dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas....

FELICIDADE PLENA E OUTROS SUPERLATIVOS

FELICIDADE PLENA E OUTROS SUPERLATIVOS José Fernandes de Lima [1] Nos tempos de Instagram, quando as palavras parecem não dar conta das nossas intenções comunicativas, as pessoas decidiram apelar para adjetivações que, quase sempre, nos levam pelo caminho dos superlativos. Estive na farmácia para comprar um remédio e constatei que o tempo de Instagram já chegou naquele estabelecimento. Terminado o atendimento, o balconista se despediu desejando “tenha uma ótima tarde” e me encaminhou para o caixa. Depois de receber o pagamento, o caixa se despediu dizendo “tenha um excelente final de semana”.  Essas expressões me pareceram pertencentes ao mesmo pacote daquelas pronunciadas pelos funcionários do aeroporto, que ao nos entregar o bilhete da passagem, dizem “faça uma extraordinária viagem”.  Tudo leva a crer que algum instrutor de marketing anda convencendo tais funcionários da importância dos superlativos, sem considerar que o uso de determinadas expressões pode resultar em exage...

SERÁ O LÍTIO O NOVO PETRÓLEO?

SERÁ O LÍTIO O NOVO PETRÓLEO? José Fernandes de Lima [1] A crescente demanda por energia limpa e a expansão dos veículos elétricos têm tornado o lítio um recurso estratégico de alta demanda global. O controle das suas reservas e das suas cadeias produtivas está gerando tensões geopolíticas semelhantes às que ocorreram com o petróleo no século XX. O protagonismo assumido pelo lítio tem lá suas razões.  Imagine um metal tão leve que flutua na água, mas ao mesmo tempo poderoso o suficiente para armazenar energia que alimenta seu smartphone, computador e até veículos elétricos. Este é o lítio, um elemento químico cujo papel na sociedade vem crescendo exponencialmente, a ponto de ser considerado o “ouro branco” do século XXI. O lítio (símbolo Li, número atômico 3) é o metal mais leve da tabela periódica e o menos denso de todos os elementos que são sólidos em temperatura ambiente. Essa característica aparentemente simples esconde uma versatilidade impressionante.  É extremamen...

ESPERANÇA, PROBABILIDADE E AÇÃO

ESPERANÇA, PROBABILIDADE E AÇÃO José Fernandes de Lima [1]   A esperança é um sentimento de expectativa e confiança em relação ao futuro. Ter esperança é acreditar que algo bom vai acontecer, mesmo quando as circunstâncias atuais são desfavoráveis.  A esperança se diferencia dos desejos porque estes são anseios ou vontades por algo específico. Os desejos são mais concretos e imediatos do que a esperança. Eles são frequentemente baseados em necessidades ou vontades pessoais e podem ser de curto ou longo prazo.  A esperança tende a ser mais duradoura e resiliente, enquanto os desejos podem mudar com frequência e são mais suscetíveis a serem realizados ou não em curto prazo. A esperança nos inspira a acreditar que, apesar dos obstáculos, algo de bom pode surgir. Ela se baseia na crença de que o inesperado é possível. Ela pode nos dar energia para continuar agindo, mesmo quando o caminho é árduo. Podemos dizer que a esperança é mais do que um sentimento, ela é uma escolha, po...

SOBRE A PRESENÇA DAS ESPIRAIS

SOBRE A PRESENÇA DAS ESPIRAIS José Fernandes de Lima [1] As espirais são figuras geométricas que impressionam não apenas pela sua aparência, mas também pela sua presença e importância em muitos aspectos do mundo ao nosso redor.  A imagem da espiral ocorre com mais frequência no nosso cotidiano do que normalmente nos damos conta.  Seja na matemática, na natureza, na física, na arte ou no simbolismo, as espirais nos lembram da interconexão entre diversas disciplinas e do padrão contínuo de crescimento e transformação que permeia a vida.  As espirais, em suas diversas manifestações, nos oferecem uma rica oportunidade para entender não apenas fenômenos naturais, mas também aspectos do desenvolvimento humano, cultural e tecnológico.  A observação atenta dessas formas pode nos levar a uma melhor compreensão não apenas do universo físico, mas também da experiência humana em sua totalidade. Elas apresentam uma estrutura curvilínea que pode ser observada em muitos fenôme...

SOBRE O NASCIMENTO DA FÍSICA QUÂNTICA

SOBRE O NASCIMENTO DA FÍSICA QUÂNTICA  José Fernandes de Lima [1] Num artigo anterior, falamos sobre as comemorações dos 100 anos do trabalho apresentado pelo físico alemão Werner Heisenberg que modificou a forma de tratar a dinâmica das partículas subatômicas.  Dando sequência, vamos explicar os pontos em que a nova teoria apresentada por Heisenberg difere da forma anterior de interpretar o mundo natural. No final do século XIX, a humanidade parecia satisfeita com a explicação da realidade que podia se resumir a partículas de matéria guiadas por poucas forças.  Apesar de a teoria ter alcançado aceitação universal, alguns fatos se negavam a obedecer às explicações padronizadas.  1925 é considerado o marco do nascimento da física quântica porque foi em meados daquele ano que um jovem físico de 23 anos teve uma ideia que permitiu explicar todos os fatos pendentes e construir a estrutura matemática de uma nova mecânica chamada mecânica quântica.   O nascimento...