SOBRE O "SEGUNDO BISSEXTO"
SOBRE O “SEGUNDO BISSEXTO”
José Fernandes de Lima[1]
Nas últimas semanas, os jornais anunciaram que a Terra teria acelerado levemente o seu movimento de rotação de modo que completaria uma volta com 1,34 milissegundo a menos do que o tempo regular.
Os cientistas explicam que variações na velocidade de rotação da Terra são comuns e não representam motivo de preocupação. Além disso, esse encurtamento do dia é imperceptível para nós, pois a variação de tempo detectada é 300 vezes menor do que o tempo de um piscar de olhos.
Depois de afirmar que essas notícias não devem ser motivo de grande preocupação, aproveito a oportunidade e convido o leitor para relembrar as informações sobre os movimentos da Terra.
Os movimentos de rotação e translação da Terra tiveram início na formação do sistema solar. Há bilhões de anos, um imenso disco de gás e poeira girava lentamente no espaço. Esse disco colapsou, formando o Sol e os planetas ao seu redor, incluindo a Terra. Esse movimento inicial é a origem do giro que a Terra continua mantendo.
No espaço, onde não existe atrito, quando um objeto começa a girar, ele tende a continuar indefinidamente nesse movimento.
Cabe alertar que: Embora o movimento da Terra pareça contínuo, o conceito de energia infinita não se aplica. A Terra não gera energia infinita; na verdade, sua rotação está gradualmente desacelerando. Essa desaceleração ocorre devido a fatores como a interação gravitacional com a Lua, que provoca o chamado “atrito de marés”.
A diminuição da rotação e da translação da Terra ocorre de forma tão lenta que tais movimentos parecem constantes para nós.
Sabemos que, de modo geral, a Terra vem desacelerando sua rotação desde a sua formação. No entanto, essa desaceleração não é completamente regular, e eventualmente, ocorrem pequenas acelerações momentâneas, como aconteceu no último dia 22 de julho.
Os cientistas concordam que essas mudanças são causadas pela interação de fatores como a atividade do núcleo fundido do planeta e o movimento dos oceanos e da atmosfera. Mas, não sabem exatamente o motivo pelo qual elas acontecem.
Mesmo sendo pequenas, mudanças no tempo da terra podem se somar ao longo dos anos e fazer com que nossos relógios se adiantem ou atrasem alguns segundos.
Para corrigir o descompasso, os cientistas resolveram usar o chamado “segundo bissexto”, que pode ser positivo ou negativo. Os “segundos bissextos” podem ser adicionados aos nossos relógios quando a Terra se atrasa ou podem ser retirados quando o planeta completa sua rotação em menos tempo.
Diferentemente do ano bissexto que adiciona um dia a cada quatro anos para alinhar o calendário com o ano solar, o “segundo bissexto” corrige pequenas discrepâncias no tempo ao longo do ano.
Cabe observar que o “segundo bissexto” pode ser negativo. Isso ocorre quando a rotação da Terra acelera ligeiramente, fazendo com que o dia seja um pouco mais curto do que o normal. Neste caso, em vez de adicionar um segundo extra, os cientistas podem subtrair um segundo para ajustar o tempo dos relógios atômicos.
O “segundo bissexto” refere-se à adição ou subtração ocasional de um segundo extra para ajustar a diferença entre o tempo astronômico, baseado na rotação irregular da Terra e o tempo atômico, usado nos relógios modernos.
Os relógios atômicos baseiam-se nas vibrações regulares dos átomos (como o Césio) para medir o tempo com altíssima precisão, enquanto a rotação da Terra não é perfeitamente constante, sofrendo variações causadas por fatores como marés, movimentos da crosta terrestre e do núcleo do planeta.
A diferença do movimento da rotação da Terra só é possível ser detectada porque os relógios atômicos possuem uma grande precisão. Os mais simples têm um erro menor que um segundo em milhões de anos. É a precisão desses relógios que está na base das grandes tecnologias e na base dessas observações.
Os relógios atômicos mais novos alcançam uma precisão extraordinária. Chegam a medir um segundo com até 19 casas decimais de precisão. Isso equivale a dizer que ele pode trabalhar durante dezenas de bilhões de anos sem atrasar um único segundo.
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