O COZINHEIRO ARTIFICIAL
O COZINHEIRO ARTIFICIAL
José Fernandes de Lima[1]
Acordar com o aroma de um café da manhã é uma sensação agradável. Imagine um sistema de cozimento totalmente automatizado que pode mexer ovos, criar pizzas e até misturar coquetéis - tudo sem intervenção humana, capaz de preparar o seu café da manhã antes de você acordar. Esse parece ser um desejo de muitas pessoas que apostam na tecnologia como auxiliar para resolver as tarefas do dia a dia.
Se o leitor está pensando que estamos falando de um projeto de longo prazo, saiba que não estamos falando de conceitos futuristas, mas sim de tecnologias reais que estão sendo desenvolvidas e implementadas agora.
As empresas de tecnologia estão atentas a esses desejos e já estão preparando equipamentos capazes de suprir tais necessidades.
Os robôs já são capazes de controlar sabores, cheiros, quantidade de temperos e o tempo de cozimento. Não demorará muito para que eles sejam colocados em paridade com os grandes chefs de cozinha. Principalmente agora que eles estão entrando em conluio com a inteligência artificial.
A capacidade de sentir o cheiro já está muito desenvolvida. Os robôs até superam as pessoas. Gosto – os robôs estão até entrando na ação de degustação. Já está sendo desenvolvida uma língua artificial que se inspira na maneira como os humanos provam as coisas para identificar líquidos complexos.
A cozinha artificial colocará em contato o forno de micro-ondas com o refrigerador, com a torradeira, com o liquidificador e todos, mediante o uso da internet das coisas, comporão um conjunto que poderá funcionar de forma autônoma. A cozinha artificial atuará como um ser vivo e inteligente. Essa nova configuração pode ser identificada como um verdadeiro cozinheiro eletrônico ou cozinheiro artificial.
A Habilidade dos robôs já ultrapassou a capacidade de repetir boas receitas. Eles já são capazes de inventar receitas novas. Isso abre muitas portas para a inovação.
Imagine as possibilidades culinárias que podem decorrer desse avanço. O cozinheiro artificial pode personalizar alimentos para as nossas necessidades biológicas específicas. Ele pode conversar com o relógio, que mede a nossa taxa de glicose e a nossa pressão arterial e pode preparar comidas que ajudem a manter essas taxas dentro dos padrões considerados saudáveis.
No caso de restaurantes e empresas de serviço de alimentação, as cozinhas artificiais podem revolucionar as operações, potencialmente melhorando a eficiência e a consistência. Já existem robôs capazes de virar hamburgueres, fritar frango, fazer pizzas, fazer sushi, preparar saladas, assar pão e preparar coquetéis.
Nessa batida, os chefs de cozinha serão substituídos por um supervisor de robôs.
Apesar do entusiasmo que essa tecnologia pode causar, há um problema não resolvido: as pessoas gostam de cozinhar e têm prazer de ficar na cozinha preparando seus pratos preferidos. Esse aspecto emocional o cozinheiro artificial parece não ser capaz de suprir.
A automação da preparação de comida possui características especiais quando comparada com outras automações. A comida é fundamental para a vida. Nutre o corpo e a alma. A forma como a comida é preparada e consumida pode mudar as sociedades.
Há quem diga que não ter que cozinhar significa poder passar mais tempo com a família ou se concentrar em tarefas mais urgentes. Porém, outras pessoas entendem que a falta do exercício de cozinhar pode afastar as famílias. Um efeito detectável é o fim da cerimônia da refeição. As pessoas almoçam cada vez mais isoladas.
Cozinhar pode ser um ato terapêutico e pode oferecer oportunidades para muitas coisas: gratidão, aprendizado, criatividade, comunicação, aventura, autoexpressão, crescimento, independência, afeto e muito mais. Tudo isso pode ser perdido se ninguém mais precisar cozinhar.
Você mudaria de comportamento se soubesse que o seu cozinheiro preferido foi substituído por um robô?
Eu mudaria de restaurante, prof. Lima ;-) Uma IA que apresente sugestões de pratos a partir do que temos na geladeira e despensa parece ótimo, mas o impacto socioambiental da inovação precisa sempre ser avaliado.
ResponderExcluirCaro Prof. Lima, "o novo sempre vem.." , como disse o poeta Belchior, mas essa novidade é intrigante, porque, aparentemente tende a afastar mais a convivência familiar em torno da cozinha, dentre outros fatores não menos importante.
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