ESPERANÇA, PROBABILIDADE E AÇÃO

ESPERANÇA, PROBABILIDADE E AÇÃO

José Fernandes de Lima[1]

 

A esperança é um sentimento de expectativa e confiança em relação ao futuro. Ter esperança é acreditar que algo bom vai acontecer, mesmo quando as circunstâncias atuais são desfavoráveis. 

A esperança se diferencia dos desejos porque estes são anseios ou vontades por algo específico. Os desejos são mais concretos e imediatos do que a esperança. Eles são frequentemente baseados em necessidades ou vontades pessoais e podem ser de curto ou longo prazo. 

A esperança tende a ser mais duradoura e resiliente, enquanto os desejos podem mudar com frequência e são mais suscetíveis a serem realizados ou não em curto prazo.

A esperança nos inspira a acreditar que, apesar dos obstáculos, algo de bom pode surgir. Ela se baseia na crença de que o inesperado é possível. Ela pode nos dar energia para continuar agindo, mesmo quando o caminho é árduo.

Podemos dizer que a esperança é mais do que um sentimento, ela é uma escolha, pois desafia as probabilidades, as quais nos fornecem uma medida matemática das chances de um determinado evento ocorrer.

Mesmo quando as probabilidades são baixas, quando o evento é considerado improvável, a esperança pode persistir. Porém, quando a esperança enfrenta probabilidades muito baixas, ela pode ser confundida com uma ilusão. Pode servir como motivo para o conformismo e a acomodação. 

A música “E Se....”, composição de Francis Hime e Chico Buarque, faz uma brincadeira e utiliza uma série de cenários absurdos e inusitados para explorar a incerteza e a esperança. 

A música diz:

E se o oceano incendiar?

E se cair neve no sertão?

E se o urubu cocorocar?

E se o Botafogo for campeão?

 

E se o meu dinheiro não faltar?

E se o delegado for gentil?

E se tiver bife no jantar?

E se o carnaval cair em abril?

................................................

................................................

E se eu convidá-la para dançar?

E se ela ficar assim, assim?

E se eu lhe entregar meu coração?

E meu coração for um quindim?

E se o meu amor gostar então 

De mim?

 

Como pode ser visto acima, a letra da música segue com uma série de perguntas que desafiam a lógica e buscam criar um ambiente surreal, onde tudo é possível, mesmo aquilo que parece mais improvável.

Quando colocada nos termos acima, a esperança pode levar ao conformismo e à acomodação.  Há, no entanto, quem defenda que a esperança pode ir além do simples ato de esperar e se transformar numa esperança mobilizadora, capaz de fazer acontecer. 

O educador Paulo Freire gostava de utilizar o verbo esperançar cujo sentido vai além de simplesmente ter esperança. É um verbo que implica cultivar, criar e renovar a esperança ativamente. Paulo Freire usava a palavra para inspirar a busca ativa por um futuro melhor, seja na educação, no trabalho e ou na vida pessoal.

Em resumo, esperançar não é apenas esperar passivamente por um resultado, mas agir de maneira esperançosa para alcançar os objetivos desejados.

Ao falar de esperança, Paulo Freire dizia que esperançar é se levantar, é ir atras, é construir, é não desistir.

Para Paulo Freire, a educação deveria ser um ato de esperança, onde alunos e professores colaboram para construir um futuro melhor.



[1] Físico e Professor

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