SOBRE A EVOLUÇÃO DO VAR E O FUTURO DO FUTEBOL

SOBRE A EVOLUÇÃO DO VAR E O FUTURO DO FUTEBOL

José Fernandes de Lima[1]

O VAR já entrou na vida dos torcedores do nosso futebol. A palavra já foi incluída no rol das reclamações feitas no pós-jogo pelos torcedores inconformados com o resultado obtido pelo seu time. Alguns ficam decepcionados quando um gol da sua agremiação é anulado pela decisão do VAR. Desde 2018, quando passou a ser adotado em várias competições, ele tem se mostrado um instrumento valioso para evitar erros, mas continua gerando controvérsias. Há quem fique chateado com as interrupções do fluxo do jogo – as revisões provocadas por ele podem interromper o ritmo da partida, causando frustrações para jogadores, treinadores e torcedores.

O VAR - acrônimo de Vídeo Assistant Referee – é o sistema utilizado para ajudar a arbitragem. Ele pode intervir apenas em quatro categorias de decisões – incidentes que podem mudar o rumo da partida.

1 – no momento do gol – ele pode intervir para verificar se houve alguma irregularidade.

2 – decisões de pênalti – para avaliar se a falta foi dentro ou fora da área.

3 – cartões  vermelhos – para revisar lances de expulsão.

4 – identificação equivocada – quando um jogador é erroneamente punido com um cartão amarelo ou vermelho.

O funcionamento do VAR acontece da seguinte maneira:

Há uma equipe que apoia o árbitro a partir de uma sala central de operações de vídeo. A equipe é formada por três elementos: um coordenador e dois auxiliares. O VAR tem acesso a 42 câmeras de transmissão, incluindo câmeras de slow motion. Replays em câmera lenta são usados em situações especiais. Os árbitros de campo se comunicam com a equipe do VAR por meio de um sofisticado sistema de rádio.

Cabe observar que a decisão final é sempre do árbitro em campo, o VAR fornece as informações, mas não toma a decisão diretamente. 

Algumas reclamações que ainda permanecem estão prestes a ser superadas, pois o VAR está recebendo aperfeiçoamentos. Agora, os árbitros poderão rastrear qualquer movimento sutil feito pela bola e pelos jogadores, graças à mais recente tecnologia.

O novo sistema funciona da seguinte maneira:

Acima do campo, 10 câmeras conseguem observar 29 pontos no corpo de cada jogador. Isso significa que as referidas câmeras vigiam 638 pontos em movimento.

Cinquenta vezes por segundo, esses dados são enviados para um computador. Desse modo, as câmeras podem informar, em tempo real, onde os jogadores estão localizados no campo, onde a bola está e a velocidade com que a bola, os jogadores e suas partes do corpo estão se movendo.

A localização da posição da bola é feita mediante a inclusão de um chip no seu interior. O sensor é preso no centro da bola, conectado por fios à casca externa. Esse pequeno sensor registra a localização da bola e seus movimentos. A bola transmite dados a 500 Hz, ou seja, 10 vezes mais rápido do que as câmeras usadas nos campos atuais. 

Os dados emitidos pela bola podem ser combinados para rastrear a localização da bola em relação ao corpo de um jogador. Isso é fundamental para decidir lances difíceis em um gol ou toque de mão. O chip colocado no centro da bola permite também definir se a bola ultrapassou ou não a linha do gol.

A Inteligência Artificial pode tomar essas decisões rapidamente, para que o árbitro saiba, por exemplo, se o jogador está ou não em impedimento. 

Cabe destacar que o chip não atrapalha o comportamento aerodinâmico da bola, pois ele está localizado no centro e não causa nenhum deslocamento do centro de massa da bola. A alteração de peso também é desprezível, pois o chip pesa 14 gramas e o peso permitido para a bola, no início do jogo, pode variar de 410 a 450 gramas. 

Essas novas tecnologias farão com que o VAR fique cada vez mais preciso e capaz de ajudar o árbitro com mais segurança. 

Mesmo com esses avanços, a tecnologia ainda não será suficiente para substituir o árbitro, por causa da subjetividade das decisões. Em determinados lances, o árbitro precisa decidir se houve ou não uma intenção maliciosa do jogador. 

A existência de critérios subjetivos serve para lembrar que o futebol é praticado por humanos. 



[1] Físico e Professor 

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