SOBRE UBER, EMPREGABILIDADE E TECNOLOGIA

SOBRE UBER, EMPREAGBILIDADE E TECNOLOGIA.

José Fernandes de Lima[1]

Um jornal de grande circulação publicou uma reportagem informando que um engenheiro, depois de muito procurar emprego, acabou como motorista de Uber. A reportagem deixa entender que houve um fracasso individual e nacional, dado que um individuo formado em engenharia deveria ter um emprego melhor.

Por desconfiar da validade dessa conclusão, fiquei a imaginar o referido engenheiro trafegando pelas ruas engarrafadas e explicando didaticamente aos passageiros a importância da tecnologia para o funcionamento do Uber. 

A chegada do Uber causou uma verdadeira revolução no sistema de transporte urbano. A empresa Uber foi fundada em 2009 e revolucionou o transporte urbano ao oferecer um serviço conveniente e acessível.

O sistema Uber de transporte conecta os motoristas particulares diretamente com os passageiros. Os motoristas se cadastram na plataforma, submetem os documentos necessários e, após finalizar o cadastramento, já podem aceitar solicitações de viagem e ganhar dinheiro com base nas tarifas das corridas.

Os usuários baixam o aplicativo da Uber, criam uma conta, inserem os mecanismos de pagamento e então podem começar a solicitar suas viagens. Uma vez efetuada a chamada, é possível saber de onde o veículo está saindo e acompanhar a sua trajetória.  A solicitação de viagens pode ser feita diretamente pelo smartphone. O valor da corrida é calculado automaticamente com base na distância entre os pontos de saída e chegada. O Uber apesenta como vantagens competitivas a conveniência, a transparência e a diversidade de serviços. 

Essas facilidades só são possíveis porque o sistema Uber faz uso de tecnologias avançadas. O automóvel matriculado no sistema Uber tem acesso a um mecanismo que permite definir com precisão a posição do automóvel.

A localização dos automóveis e os respectivos deslocamentos só são possíveis por causa do uso do GPS. O sistema GPS (em inglês - Sistema de Posicionamento Global) é uma tecnologia que permite a localização exata de um objeto ou pessoa em qualquer lugar do globo terrestre.

O GPS é composto por uma coleção de satélites e é monitorado a partir de estações terrestres. Dispositivos com receptores GPS captam os sinais dos satélites. Quando o receptor GPS recebe sinais de três ou mais satélites, ele pode calcular a posição tridimensional (latitude, longitude e altitude) e horário, com precisão.

O uso do satélite estacionário foi proposto pela primeira vez pelo físico e escritor de ficção científica Arthur Clarke, aquele mesmo que escreveu o livro 2001: Uma Odisseia no Espaço. O leitor deve lembrar desse título porque o livro foi adaptado para o cinema e resultou num belíssimo filme dirigido por Stanley Kubrick, lançado em 1968.

Em 1945, ele escreveu um artigo afirmando que se colocássemos em órbita um satélite girando no mesmo sentido da rotação da Terra e na velocidade adequada, este satélite permaneceria sempre acima da mesma localidade como um grande observador da Terra.

Clarke propôs que os satélites fossem colocados em órbitas sobre o equador terrestre, a uma altitude de aproximadamente 36.000 km. Essa altitude permitiria que os satélites completassem uma órbita em cerca de 24 horas, coincidindo com o período de rotação da Terra. A velocidade linear de um satélite geoestacionário mantido nesta altitude é de aproximadamente 11.000 k/h. 

Nestas condições, com apenas três estações elevadas, espaçadas de 120 graus entre si, seria possível abranger toda a superfície terrestre (exceto as regiões polares a partir de determinada latitude).

São poucos os países que detêm tecnologia para lançar e manter esses satélites. O domínio da tecnologia para o lançamento de satélites é uma questão estratégica para os países que prezam pela soberania. 

Nesse sentido, cabe uma boa discussão sobre a formação de engenheiros e sobre a empregabilidade deles em empresas de alta tecnologia. 

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[1] Físico e Professor