SLOW FOOD

SLOW FOOD

 

Nós chamamos de fast food aquela refeição rápida que fazemos em substituição ao almoço, aqueles sanduiches, aquelas fatias de pizza que comemos quando estamos apressados. Na realidade, muitas pessoas têm o fast food como a base da alimentação.

As pessoas foram ficando cada vez mais apressadas, cada vez mais ocupadas e foram encurtando o tempo destinado ao almoço. Como o tempo é curto, a comida tem que ser servida rapidamente. Para que possa ser servida rapidamente, a comida deve estar semipreparada.

Em algumas lanchonetes, você pede a comida na entrada, dá a volta com o carro e já pega a comida do outro lado, devidamente empacotada, prontinha para ser levada para casa.

Essas tecnologias são mostradas como sinônimo de grande avanço tecnológico.

Só tem um problema: para ser rápida, a comida tem que ser padronizada. E quando você padroniza, ela fica mais pobre, ou seja, com menos ingredientes. Um único tipo de batata, um único tipo de alface, de carne e assim por diante.

O movimento slow food começou na Itália, no final dos anos 1980, quando os pequenos produtores perceberam que estavam perdendo mercado para as comidas industrializadas.

Naquela região da Europa, cada cidadezinha, cada vilarejo tem a sua comida típica, o seu tempero especial e o seu vinho próprio. As famílias têm o costume de comer reunidas e discutir os detalhes dos sabores. Para elas, a gastronomia é um valor.

Foi por isso que eles começaram um movimento no sentido de alertar a sociedade de que ela estava perdendo a valorização do gosto e o prazer da degustação.

A filosofia do slow food se baseia em alguns princípios-chave:

Prioriza o apoio aos produtores locais e a produção de alimentos saudáveis; enfatiza a importância da agricultura ecológica e sustentável; promove a preservação das tradições culinárias locais e regionais; valoriza a alimentação como fonte de prazer e convívio social e encoraja as pessoas a desacelerarem e apreciarem a comida em comunidade.

Esse movimento vem crescendo e hoje já se fala no movimento Citta slow, um movimento que sugere cidades mais lentas. Uma cidade lenta é uma cidade onde todos os serviços necessários para o viver cotidiano estejam a uma distância que possa ser percorrida a pé ou de bicicleta.

Na mesma direção, já se fala também no turismo lento. A ideia é fazer com que as visitas sejam feitas com mais tempo para que os turistas possam aprender um pouco sobre a história, a arte, a cultura do local que estão visitando e deixem de ficar naquela correria, tirando fotos sem saber do que se trata e mudando de país a cada dia de excursão.

Teriam esses movimentos alguma coisa a ver com educação?

A resposta é sim, pois essa mesma discussão tem sido feita com a educação.

Algumas pessoas associam rapidez com inteligência. Alguns testes de aptidão partem do princípio de que aqueles estudantes que terminam o teste mais depressa são os mais inteligentes. Alguns pais ficam loucos, torcendo que os filhos passem para as classes mais adiantadas, mesmo que a idade mental deles não seja compatível. Brigam para que os filhos sejam promovidos de turma mesmo sabendo que essa pressa pode prejudicar o desenvolvimento da criança.

No ambiente dos adultos, prospera um certo entusiasmo com a leitura dinâmica que promete aumentar a velocidade de leitura e proporcionar o ganho de tempo aqueles mais apressados.

Na mesma linha do movimento slow food, os críticos dessa técnica argumentam que a leitura dinâmica pode tirar o prazer da leitura e transformá-la numa tarefa mecânica em vez de uma experiência envolvente. 

Os movimentos citados acima têm em comum o fato de que procuram chamar a atenção das pessoas e ajudá-las a entender que a aceleração, a ansiedade, a pressa, o individualismo exacerbado não são necessariamente sinônimos de inteligência, nem de bem-estar. 

 

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