SOBRE O USO DO SABÃO
SOBRE O USO DO SABÃO José Fernandes de Lima [1] Certa vez, perguntado sobre o rigor que adotava nos seus processos de escrita, Graciliano Ramos afirmou: “Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. Palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”. Com essa comparação, Graciliano quis mostrar que o processo de escrita deve ser rigoroso como é ...